“Deveríamos levar em conta considerações de permanência e temporalidade em relação às mudanças, às avaliações e seus contextos; o lugar onde as coisas acontecem, onde são compreendidas, onde são recordadas. No espaço comum, as cidades enfrentam desenvolvimentos e transformações produzidos por necessidades políticas, sociais, urbanísticas, económicas e culturais. Nota-se como as cidades crescem e conservam as suas identidades, arquitecturas, monumentos e sinais…, o modo em que traçam a sua memória perante a memória colectiva.
Expiration date, Conservação e preservação. Muntadas, 2005
A partir do dia 11 de Janeiro de 2007, estará patente ao público, na Galeria Filomena Soares, a exposição de Antoni Muntadas. È a primeira mostra individual do artista desde as exposições realizadas na Galeria Graça Fonseca, em Lisboa, e na Fundação de Serralves, no Porto, em 1992 e a mostra intitulada “Portrait, Meetings e outros trabalhos sobre papel” que decorreu, no Porto, na Galeria Pedro Oliveira em 2003.
Nascido em Barcelona, em 1942, Antoni Muntadas na sua obra, debruça-se sobre temas sociais, políticos, e da comunicação; explora a relação entre o espaço público e o privado, dentro do contexto social. Investiga também os canais de informação e o modo como são utilizados para censurar informação ou promulgar ideias. Os seus projectos primam pela diversidade de meios utilizados tais como a fotografia, o vídeo, as publicações, a Internet, e as instalações multimédia.
Desde 1995, Muntadas tem vindo a agrupar varias obras e projectos seus sob o título abrangente de On Translation.1 Os trabalhos subordinados a este tema têm conteúdos, dimensões e materiais extremamente diversos e todos se desenvolvem em torno da experiência pessoal do artista, ao longo de mais de trinta anos de actividade, em numerosos países. Ao juntar as obras sob esta epígrafe abrangente, Muntadas coloca-as no interior de um corpo de experiências e preocupações concretas que visam a comunicação, a cultura do nosso tempo e o papel do artista e da própria arte na sociedade contemporânea.
As obras desta exposição têm em comum o debruçarem-se sobre a experiência de ver/olhar, ligada ao espaço e ao tempo. São obras produzidas em momentos diferentes e em diferentes lugares, usando um leque diverso de meios e formatos. Um dos trabalhos a ser apresentado intitula-se Double Exposure (Lisboa/Bogota-Budapest/Almería) 1998-2006. Nas palavras do próprio autor, “São duas séries de fotografias que executei entre as cidades de Lisboa-Bogota e Budapeste-Almería e fazem um apanhado da experiência da deslocação e da própria viagem, sentida por mim como um amontoado de sensações e imagens. A velocidade desta experiência produziu justaposições e relações retinianas que são metaforicamente traduzidas por estas imagens. Duas cidades representadas através dum transporte perceptivo do espaço e do tempo, através da casualidade da deslocação física e da máquina fotográfica analógica.
Também estarão incluídas na exposição as obras: Selling the Future, 1982-2006, On Translation: Stand by I e II, 2005-2006, On Translation: Listening, 2005, On Translation: On View, 2004 e Atenção, 2002.
Em 2006, decorreu uma exposição individual intitulada “Protokolle” no Württembergischer Kunstverein, Estutgarda; outra com o título “Muntadas. Proyectos Urbanos (2002/2005)…hacia Sevilla 2008”, no Centro das Artes de Sevilha; bem como “Muntadas, histoires du couteau”, no Le Creux de l’enfer, Centro de Arte Contemporâneo, em Thiers, França; e “Muntadas, “On Translation: Stand by”, em Gimpel Fils, Londres.
A obra de Antoni Muntadas já foi exibida internacionalmente, em eventos como a Bienal de Veneza (1976); La Documenta Kassel (VI e X Edições); a Bienal do Museu Whitney (2001); e as Bienais de São Paulo, Lyon, Taipei, Gwangju e Havana. Também já exibiu em vários museus, entre outros: o Museu de Arte Moderna em Nova Iorque, o Museu de Arte de Berkeley na Califórnia, o Museu Contemporâneo de Montreal, o Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia em Madrid e no MACBA de Barcelona. Participou na 51ª edição da Bienal de Veneza (2005), onde transformou o Pavilhão Espanhol, na Pavilhão On Translation.