A exposição empresta seu nome e abordagem temática do romance proletário, de 1933, no qual Patricia Galvão retrata as vidas de um grupo de operárias têxteis no bairro industrial do Brás, em São Paulo. A mostra é igualmente construída como um “teatro de objetos” que faz referência ao uso estrutural do objeto, por Georges Perec, em seu romance Les Choses, une histoire dês années soixante (1965), e ao recurso aos procedimentos cênicos adotados por Jean-Luc Godard e Jean Pierre Gorin no filme Tout Va Bien (1972). Ela mostra ainda elementos de sua produção a partir das imagens de cheques mostradas na abertura do filme, e dos atores, diante da câmera. Com a adoção de estratégias cênicas brechtianas tais como o estranhamento, a repetição, o uso de anúncios e o recurso ao Umheinlich freudiano, a mostra foi estruturada como uma peça em cinco atos, onde cada ato pode ser visto como uma exposição autônoma, e todos, exceto o primeiro, recebe o título de algum capítulo do romance de Patrícia que funciona como anúncio, apresentando o tema de cada ato.
Por meio da linguagem dos objetos, das narrativas que eles contêm e evocam, e de seu agenciamento social, Parque Industrial trata do “segredo das mercadorias”, analisando a maneira como artistas contemporâneos lidam, em suas obras, com a dinâmica social e de trabalho, assim como com as intricadas relações entre produção e consumo que se inscrevem na mercadoria.